Texto elaborado pela Dra. Renata Alves - Nutricionista do Depto. Científico da VP Consultoria Nutricional
Destoxificação consiste no processo realizado por um organismo visando a eliminação de determinadas toxinas, também conhecidas como xenobióticos. Neste processo, tais substâncias, que não são passíveis de excreção, sofrem alterações na sua estrutura química que possibilitam a sua eliminação do organismo por meio das fezes ou urina. A destoxificação ocorre em todas as células, mas principalmente nas do fígado e do intestino. O fígado contém aproximadamente 60% das enzimas necessárias para este processo e o intestino cerca de 20% destas.
Desta forma, a dieta de destoxificação tem como objetivo dar o suporte necessário para os sistemas de destoxificação naturais do organismo, através da restrição de alimentos possivelmente alergênicos, industrializados e com grandes quantidades de aditivos químicos, substituindo pelo consumo de alimentos orgânicos e que apresentam propriedades que estimulam as vias de destoxificação, em associação com uma suplementação magistral específica para esse período.
O termo ‘dieta de detox’ é muito falado em publicações midiáticas, sendo por diversas vezes utilizado erroneamente. Recentemente, em um programa de televisão de grande impacto, foi dado um exemplo de dieta de destoxificação, o qual incluiu torradas, queijo branco e iogurte. Também, foi citado que a indicação para esta dieta varia de acordo com o exagero alimentar ou alcoólico que o indivíduo cometeu, podendo ter duração de um dia ou semanas.
A verdadeira dieta de destoxificação vai muito além da correção de exageros alimentares ou alcoólicos. Podendo ter duração de seis, quinze, vinte e um ou trinta dias, a dieta tem como base a remoção de toxinas e a eliminação de anti-nutrientes da dieta como gorduras trans, farinha branca, açúcar, cafeína, corantes, aromatizantes, preservantes, glutamato monossódico e adoçantes artificiais. Alimentos com potencial alergênico elevado, como leite, laticínios, soja e glúten, e aqueles que contêm grandes quantidades de aditivos químicos, como industrializados, enlatados e embutidos (frios, salsicha, linguiça, defumados e conservas) também são restringidos da dieta, bem como carnes assadas em carvão, bebidas alcoólicas, sucos industrializados e refrigerantes.
O plano alimentar de destoxificação é dividido em dois períodos, o período “A” e o período “B”. De acordo com o total de dias de duração da dieta, estes dois períodos se intercalam em período “A”- período “B”- período “A”. De forma geral, o plano alimentar “A” é composto por frutas, legumes e verduras (que devem ser de origem orgânica, devido à elevada quantidade de agrotóxicos que as de cultivo comum apresentam), algumas leguminosas, cereais integrais, chás, oleaginosas, ovo caipira, certos tipos de peixes e óleos extra-virgem. Já no período “B”, usualmente é permitido o consumo de arroz integral do tipo cateto, chás, oleaginosas e óleos extra-virgem.
A suplementação nutricional para o período compreende em diversas vitaminas e minerais que estimulam o sistema de eliminação de xenobióticos, com a finalidade de prover ao organismo os nutrientes necessários para que o indivíduo exerça suas atividades habituais. Também são incluídos nestas formulações aminoácidos e alguns outros compostos que auxiliam no restabelecimento da depleção de co-fatores desencadeada pela exposição tóxica e na proteção do organismo contra o estresse oxidativo.
Todavia, é de extrema importância frisar que o plano alimentar destoxificante é traçado por profissional capacitado, que, de acordo com a individualidade bioquímica, irá apresentar quais são os alimentos específicos que poderão ser consumidos, bem como os dias de duração da dieta. A reintrodução dos alimentos excluídos, principalmente os alergênicos, deve ser feita com cautela e sob supervisão, uma vez que o organismo fica extremamente sensível aos mesmos após a dieta.
Referências bibliográficas:
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