O consumo consciente virou moda, assim como falar em sustentabilidade (termo que possui suas belezas, apesar de estar um pouco desgastado…). A parte boa é acreditar que, se a moda virar hábito, talvez estejamos no caminho certo.
Uma pesquisa da eCGlobal Solutions em parceria com a eCMetrics (especialista em pesquisas em mídias sociais) mostra que quase 100% das pessoas entrevistadas acham importante que as empresas cuidem do meio ambiente.
O estudo “Evolução do Consumo Sustentável no Brasil” foi feito com 4.270 consumidores em 2012 e 2.659 em 2013 (todos internautas brasileiros entre 18 e 65 anos). O objetivo é ajudar as marcas a compreenderem as vontades e o perfil de quem compra. Mais de 70% dos entrevistados acreditam nos selos dos produtos (veja aqui o significado de quatro selos) e 74% querem tirar as sacolas plásticas do mercado (leia mais sobre a polêmica das sacolinhas em um post de 2011).
Apesar da amostragem ser pequena, os números podem apontar alguns caminhos para marcas que insistem em não repensar a forma de produzir. É nas mãos dos fabricantes que está este poder. Os bens de consumo chegam às mãos dos consumidores após passarem por uma ampla rede de fornecedores, trabalhadores e linhas de produção. Como saber se uma marca de celular usa minérios extraídos de forma legal? Como escolher marcas de roupas que não mantenham trabalhadores escravos em suas confecções?
Recentemente, as grifes Le Lis Blanc e Bo.Bô (Bourgeois e Bohême), marcas pertencentes ao grupo Restoque, que tem 212 lojas no Brasil e encerrou o primeiro trimestre com receita líquida de R$ 195 milhões, viraram notícia com a denúncia de que várias pessoas trabalhavam em suas confecções em condições análogas à escravidão (quando o trabalhador é submetido a condições degradantes, como jornada exaustiva (acima de 12 horas), servidão por dívida e com riscos no ambiente de trabalho).
As vias “alternativas” de investigação e denúncia mostram, constantemente, que empresas não lucram impunemente: há sempre um lado perdendo. Este, claro, é o elo mais fraco da corrente – países subdesenvolvidos e trabalhadores explorados.
A pesquisa sobre consumo sustentável mostrou 72% das pessoas conferem se o fabricante se preocupa com a preservação do planeta. Mesmo assim, apenas um quarto leva em conta – às vezes – o fator sustentabilidade na hora de dizer sim ou não para um produto. Ainda são muitas as marcas que não atendem a padrões elevados de exigência ambiental e social, e quando atendem, nem sempre se mostram acessíveis à maioria. Por isso, é difícil atribuir a responsabilidade totalpelo consumo ao consumidor final.
O jornalista Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG Repórter Brasil, especializada em denúncias de trabalho escravo no Brasil, publicou esta semana o artigo “Dizer que o consumidor sozinho vai mudar o mundo é uma besteira”, em que argumenta que, muito além das decisões tomadas por quem compra, os problemas têm raízes fixas em outras esferas – decisões políticas, a lógica do sistema econômico… “O fato é que em alguns casos o boicote funciona e é viável, em outros, não. Então, como consumidores, temos que, além de realizar nossos protestos e externar nossa indignação, cobrar as pessoas certas (…) Mas algo que não podemos esquecer é que a responsabilidade principal não é do consumidor”, diz no blog.
E você, o que pensa sobre o assunto?
Fonte: http://super.abril.com.br/blogs/ideias-verdes/tag/consumo-consciente/
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